"A gente somos inúteu"

segunda-feira, 20 de maio de 2013
Nota prévia: esse texto não vai, necessariamente, ter um tema como os outros, está mais para um desabafo.

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Ontem (19/05) o mundo parecia que ia desabar, qualquer desavisado se perguntaria o que estava acontecendo, mas era apenas a vitória do Corinthians. As pessoas gritavam loucamente nas janelas e passavam buzinando e cantando o hino do time. E eu fiquei pensando: "Caramba, que legal!" - sem hipocrisia, realmente acho esse espírito de união e torcida muito legal. Mas então me ocorreu que eu nunca havia visto ninguém fazer o mesmo, derramar tanta emoção e gritar na janela quando o assunto era algo relativo ao rumo de nosso país ou nosso mundo.
Pensei durante todo o caminho até em casa que talvez estejamos nos mobilizando pelas razões erradas, que talvez nos importemos demais com entretenimento e outros assuntos banais e de menos com as questões que movem nosso país e nossas vidas. E perceber isso me feriu e, droga, não é drama ou poesia, não estou exagerando. De repente tudo que eu conseguia enxergar era o fato de que somos tão pateticamente manipulados e não percebemos.
É Roma outra vez.
E eles estão dando o pão e criando o circo. E estamos balançando nossos rabinhos e latindo quando nos pedem. Fomos facilmente adestrados. E eles nos dizem: compre - e compramos. Dizem, vejam - e vemos. Mandam-nos calar e calamos. Mas nunca nos mandam pensar e nunca nos deixam criticar. E somos bonecos e o sistema é o ventriloquista, por isso, mesmo que de maneira inconsciente, fazemos exatamente o que nos é mandado e nunca outra coisa.
Soa terrível, não? E sabe por quê? Porque é terrível. Por isso fiquei tão chocada, não que eu já não tivesse percebido isso anteriormente, mas ontem, sei lá, pareceu que toda essa verdade era um tiro em meu peito e de repente toda minha utopia caiu, de repente não existia mais o blog, nem as manifestações nas ruas, por ora pareceu-me que o mundo inteiro era uma grande bola lotada com sete bilhões de pessoas manipuladas. E por um instante eu quis acreditar em teorias conspiratórias e quis que as coisas fossem fáceis como nos livros de Dan Brown ou que as pirâmides do Egito tivessem sido feitas por ET's, porque seria ridiculamente perfeito se fosse assim. Porque a coisa mais difícil para eu enxergar foi: estamos perdidos. E nos perdemos por nossas próprias mãos.

"Você não pode se esconder atrás de um conto de fadas, para sempre e sempre"
- Epica
Culpamos o governo e dizemos: "Eles não fazem nada, apenas roubam e gastam nosso dinheiro". Reclamamos do preço do tomate, da gasolina e das obras para a Copa (melhor nem entrar nesse assunto, porque né). Valorizamos os governos de outros países e criticamos o nosso. Tudo isso na mesma mesa de bar em que falamos sobre futebol e fofocamos sobre essa ou aquela atriz, esse ou aquele vizinho. E da mesma forma que não levantamos nossas bundas do sofá, nem desgrudamos os olhos da TV para ajudar os filhos com a tarefa de matemática, não mexemos um dedo sequer, para mudar o que tanto odiamos.
A gente reclama de ser obrigado a votar e anula, falta na eleição, pega um santinho na rua imunda e vota no candidato que teve a sorte de ter sido tirado. Daí passam-se X meses e saímos dizendo: "Que porcaria de país! Só tem político que não presta". Esquecendo-nos que quem os colocou ali fomos nós. E que quem tem o poder de tirá-lo de lá é a gente.


É que reclamar é fácil. Mudar é que é o problema.
Eu sou nova demais e nem votar posso ainda, mas de alguma forma, de alguma forma, a única coisa que tenho certeza é que não quero mais nada disso. Não aguento mais atravessar a rua e ver pessoas passando fome enquanto outras jogam comida no lixo, não quero temer por minha vida toda vez que saio de casa ou ouvir dizer que nossa educação está péssima. Não posso mais imaginar pessoas morrendo na fila do hospital ou saber que ainda não reconstruímos cidades devastadas por catástrofes naturais. E eu poderia fechar os olhos simplesmente e ignorar tudo. Mas nunca fiz isso, nem quando era criança, porque a coisa que melhor aprendi na vida é que eu sou a diferença, sou a mudança. E sou a partir do momento que faço algo para mudar o que me desagrada, ao invés de apenas reclamar.
Entretanto a mudança que desejamos, e temos que estar cientes disso, não será a curto prazo, nem nesta geração ou na seguinte. Mas, afinal, alguém tem que dar o primeiro passo.
Para terminar, um pouquinho de Ultraje a Rigor, a música que deu título ao post:

"A gente não sabemos 
Escolher presidente
A gente não sabemos
Tomar conta da gente" 

PS: Os comentários tão horríveis, eu sei, mas sou uma mula com HTML do blogger, to procurando um CSS melhor para usar, logo vai estar mais fácil, juro - ou não.
PS2: Sim, também sei que o Theme desconfigurou.
PS3: Provavelmente devido aos meus sérios problemas com o blogger, vou transferir tudo para o Tumblr e começar a usar lá, porque é bem mais fácil. Mas ainda estou pensando, querendo ou não o blogspot transmite seriedade.


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